19 de abril

Nesta data é comemorado o Dia do Índio, primeiro ocupante da terra brasileira. É neste momento que, habitualmente, a comunidade escolar realiza visitas a museus e centro de pesquisas que organizam exposições, palestras e atividades lúdicas. As instituições recebem os visitantes e demonstram as descobertas e suas pesquisas na área.

É momento propício para demonstrar à comunidade as importantes contribuições deste grupos humanos na formação da sociedade e como estas informações são adquiridas pela ciência arqueológica. Informando, apresentando os vestígios arqueológicos Pré-coloniais deixados pelo homem e protegidos por lei como patrimônio arqueológico, pois reapresentam uma forma de fazer e criar do maior período da história.

A importância desta ciência se deve a sua fonte de estudo, às marcas e vestígios culturais deixados pelo homem no meio ambiente em que viveram no passado e analisados pelos arqueólogos. Estes estudos são de suma importância, pois – por diversas vezes – são os vestígios humanos que desvendam sítios históricos (reduções, rotas de tropeiros), confirmando ou não os registros escritos. As fontes históricas ou sítios pré-coloniais locais de vestígios deixados pelos povos que não dominavam a escrita, antes da chegada do europeu, têm seus vestígios os únicos documentos disponíveis para desvendar os estilo de vida destes homens.
Os sítios arqueológicos localizados demonstram que – desde o principio – o ser humano se adaptava ao meio em que vivia, criando técnicas de produção de artefatos de pedra (talhadores, pontas de flecha e lanças e a boleadeira) para caçar animais. Sua subsistência era composta principalmente pela caça de animais e coleta de frutos, portanto, seu bando era reduzido devido à locomoção para adquirir o alimento.

Em Vera Cruz, grupos de índios da Tradição Vieira habitaram Entre Rios e Rincão da Serra. Já os pertencentes à Tradição Umbu deixaram vestígios em Dona Josefa e Ferraz.

Posteriormente, vindos da Amazônia outro grupo chega ao Rio Grande do Sul trazendo a técnica do cultivo e da produção da cerâmica, os tupiguarani. Viviam próximos às grandes várzeas dos rios onde a fertilidade do solo permitia alta produtividade das culturas cultivadas: milho, feijão, bata-doce, amendoim e abóbora, além da erva mate. São produtos que compõem a dieta alimentar da sociedade atual, inclusive o chimarrão gaúcho.

Outra exemplo de grupo humano que se adaptou ao meio é denominado pelos arqueólogos como ceramista horticultor da Tradição Taquara. Descendem deste os índios kaingangues que comercializam seus artesanato, as cestarias, cultivando suas tradições. Estes grupos, no passado, habitavam a serra gaucha e, devido à intensidade de temperaturas baixas, faziam suas casas subterrâneas onde se abrigavam do frio. Seus registros culturais são a mão de pilão utilizada para amassar as pinhas dos pinheiros muito apreciadas pelos índios deste grupo e também consumido pelo homem atual.

Somente citamos algumas curiosidades deste nossos primeiro moradores e um pouco do legado cultural que nos deixaram: a boleadeira – utilizada ainda hoje nos centros tradicionalistas – as técnicas de produção de utensílios da caça e pesca, as facas de pedra, anzóis de ossos, o cultivo de lavouras pelos primeiros agricultores nativos a produzirem os produtos consumidos atualmente e, principalmente, a capacidade de adaptação ao espaço geográfico e ambiental disponível.

Enfim, a arqueologia comprova que estes grupos primitivos possuem uma trajetória histórica e cultural longa e por esta devem ser respeitados. Mais tarde, os colonizadores europeus – independentes da época em que vieram para a região – aproveitaram-se das técnicas destes povos “primitivos” para sobreviver.

Marina Amanda Barth
Historiadora e Arqueóloga
Assistente de Pesquisa Arqueológicas Cepa/Unisc
Mestre em História – Unisinos

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