Ação de Graças

Em nossa sociedade atribulada, no mundo amedrontado, em meio à corrida egoísta em busca do sucesso, fama e fortuna, ainda sobra tempo para ação de graças? Agradecer o quê, quando à nossa volta nos deparamos com miséria, injustiça, exploração? Como dar graças a Deus pela vida, se manter-se vivo, para muitos é uma questão de sorte? Quem ainda possui a ousadia e a satisfação de agradecer, quando o desafio é lutar para sobreviver neste mundo de poucos lobos gigantes e muitas ovelhas indefesas?

Os povos – nos mais diferentes lugares, origens e crenças – há milhares de anos, sempre reservaram um momento, uma época, um motivo, para agradecer pela vida, pela colheita, pelas vitórias e conquistas. Faziam cerimoniais, festas e danças em que se ofertavam aos deuses ou a Deus as primícias – o que tinham de melhor e sem falha, o mais perfeito – em gratidão a tudo que tinham recebido.

Os exemplos encontramos na bíblia, em relatos históricos, contos orais e costumes passados de geração em geração através dos séculos.

A quarta quinta-feira do mês de novembro é dedicada ao “Dia de Ação de Graças”, desde 19.11.1965, quando o Presidente Castelo Branco regulamentou a Lei nº 781 de 17.08.1949.

E hoje? O que conquistamos e ainda não agradecemos? Você já lembrou do colega ou vizinho que estendeu a mão na hora da dificuldade? Você já esqueceu do amigo ou amiga que perdeu tempo com suas lamúrias, lamentações e queixas? Você já disse muito obrigado ao professor ou professora que ajudaram a resolver problemas de estudo?

E a Escola? O que seria de nós se não tivéssemos este espaço para aperfeiçoar os nossos dons e aptidões, estudar, pesquisar e adquirir nossa profissão?
Podemos e devemos agradecer pelos operários que constroem a riqueza do Brasil com a força do seu braço, pelos agricultores que alimentam o povo com o suor de seu trabalho, pelas mulheres que trazem a esperança de um mundo melhor, pelos jovens que acreditam na construção de um mundo melhor, pelas crianças que sonham em ser grandes e felizes para sempre.

Podemos e devemos agradecer a todos os profissionais, cientistas, pesquisadores e técnicos que, incansavelmente, buscam bens, produtos e remédios que facilitam a vida do ser humano, curam as doenças ou amenizam a dor.

Podemos e devemos agradecer pelos estudantes que buscam o saber, constroem conhecimento e perseguem o aperfeiçoamento para o exercício de uma profissão que lhes assegure uma vida digna.
Podemos e devemos agradecer aos professores que não se omitem diante das dificuldades e ensinam – aos alunos – a ética, justiça, coerência, luta pelos direitos e cumprimento dos deveres.

Podemos e devemos agradecer pelos médicos que respeitam a ética profissional, apontando a indústria dos remédios ( proibidos em alguns países, mas vendidos em outros ) como responsável pela intoxicação das pessoas e por torná-las dependentes de medicamentos, para consumirem mais para obter maior lucro e riqueza.
Podemos e devemos agradecer aos políticos e funcionários que trabalham e administram os bens públicos para o bem da sociedade, especialmente, os mais desassistidos e indefesos.
Só pode agradecer aquele que, em meio a esta realidade assustadora que inspira desânimo, não perdeu a esperança. Agradece, ainda, aquele que não se acomodou a um mesquinho sistema de vida, mas descruzou os braços e está enfrentando o desafio da vida.
Também pode agradecer aquele que, consciente das injustiças de nossa sociedade, faz alguma coisa para eliminá-la.
E você? Você já se lembrou de agradecer às pessoas conscientes que dão o melhor de si para o bem dos outros?
Muito obrigado a todos que se dispuseram a fazer silêncio e pensar na possibilidade de agradecer pelas muitas oportunidades que temos para viver melhor e agradecer a Deus pelas muitas bênçãos derramadas sobre todos nós.
Muito obrigado!

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