Em tempos de presença cada vez mais maciça em redes sociais – subentende-se internet com sua diferentes formas -, ter opinião, formar opinião e/ou expressar opinião parece não ser bem aceito por alguns. Isso porque, normalmente, em cada posicionamento que se toma seja ele a favor ou contra algo, sempre aparece alguém para bradar o inconformismo diante de sua posição.
Divulgar ideias e opinião sobre assuntos polêmicos em redes sociais, requer gosto por discussões, ser capaz de passar um certo tempo discutindo um ponto de vista com outras pessoas, mesmo estas sendo de opinião contrária, saber respeitar as diferenças. O fato de uma pessoa ter opinião contrária não dá a ninguém o direito de ser ríspido ou mal educado com a mesma. Afinal, vivemos numa democracia e o exercício dessa liberdade dá o direito de falar, mesmo que estejamos completamente equivocados, mas também é nosso dever respeitar as divergências. Pode-se tentar argumentar, mas jamais obrigar que outra pessoa mude de opinião para satisfazer o interlocutor.
Em redes sociais é muito comum uma pessoa melindrar por causa de uma opinião contrária à sua linha de pensamento. Já vêm logo com os contra-argumentos de que é um absurdo falar aquilo, que não concorda de jeito nenhum com a opinião. Até aí tudo bem. Cada um tem o direito de opinar, assim como a pessoa tem o direito de discordar. Mas o problema maior não é o fato de a pessoa divergir, mas sim o fato dela não aceitar outra opinião que não seja a própria. Não aceitar as situações como imposição é salutar, ter argumentos é louvável, mas saber respeitar as diferenças é primordial. Ninguém é obrigado a concordar com uma opinião, mas todos, sem exceção, são obrigados a respeitá-la, isto é uma condição” sine qua non” numa democracia.
Uma pessoa inteligente ouve todas as opiniões e retira delas o que há de melhor para seu próprio crescimento. Saber divergir é uma característica marcante em bons interlocutores. Saber respeitar as opiniões, num país de dimensões continentais e culturas variadas, só nos faz crescer como pessoa.
Concordar, discordar, amar ou odiar, dá no mesmo. Se estiver reagindo a uma opinião, já está sob o efeito de seu campo, já está posicionado em relação a ela. A opinião tem poder. E qualquer um pode ter esse poder. Até um idiota. Quando um idiota diz um absurdo (o que é bem frequente) ele também gera um campo de polarização e forte reação. Não é humilhação nenhuma interagir com o campo do outro. Ruim mesmo é nunca opinar por medo. Se as pessoas razoáveis ficam com medo, porque temem perder alguma coisa por causa do julgamento público, os idiotas, que nada temem por não terem nem mesmo consciência de perder, dominarão o mundo. Se é que ainda não dominaram.
Algumas pessoas pensam que ofender o interlocutor é também uma forma de expressão de divergência, talvez até possa ser, mas é muito mais fácil e polido refutar uma opinião com argumentos contrários, do que ofendendo. Qualquer um pode ser questionado, mas ninguém gosta de ser ofendido. Chegar num determinado assunto destilando veneno, não se pode esperar que as pessoas recebam bem a opinião.
Assim, toda e qualquer discussão deve ser pautada pelo respeito. É importante ter paciência com opiniões divergentes, mas nãoé necessário ter menor paciência com pessoas que distorcem palavras, dando versões que de fato não existem. Neste caso, até se pode tentar argumentar, mas se a pessoa está irredutível é preferível calar-se e, em último caso, bloquear.
As pessoas esclarecidas e democráticas aceitam qualquer opinião divergente, mas não são obrigado a conviver com pessoas que não respeitam direito de ter opinião, nem mudar de opinião para agradar.
Por fim, as redes sociais são um ambiente onde o troca de ideias podem gerar muitos benefícios. Cabe a cada usuário selecionar seus contatos de forma que essa interação seja possível, sem discussões irrelevantes que no fundo só revelam a falta de entendimento e, muitas vezes, de educação. Respeitando para ser respeitado.