A educação, de forma geral, é entendida pela sociedade como sendo garantia para um futuro melhor de desenvolvimento social e sustentável para o Brasil. São investidos valores significativos no desenvolvimento deste grande projeto disponibilizado às secretarias municipais, ao estado e às universidades.
No discurso popular da região, por vezes, escutamos dizeres como: “nunca é demais investir em educação, isso ninguém nos tira!”, ou ainda “aprender nunca é demais”. Assim, não importa a idade, credo ou nível cultural. Sempre há espaço para novos conhecimentos. A educação patrimonial também pode ser abordada sob este aspecto e receber atenção.
O homem – ser racional desde a pré-história – se beneficia dos recursos disponíveis na natureza, deixando seus vestígios históricos evidenciados nos sítios arqueológicos de uma região. Com o passar dos anos, a população aumentou, a interferência e convivência do homem com a natureza têm gerado um conflito entre o novo e o velho, o moderno e o antigo, o demolir e o restaurar, o reconstruir e o preservar o patrimônio cultural.
Ao modificar a natureza para sua sobrevivência, o homem constrói, vive em sociedade, produz e adquire conhecimentos. Neste processo é que elabora sua história e deixa os vestígios de sua criação na sociedade desde a pré-história até a contemporaneidade através de pontas de lanças, cerâmicas, casas, moinhos, igrejas, dialetos falados e a língua escrita dos imigrantes ou povos nativos. Registram sua cultura em cemitérios, documentos, objetos históricos e hábitos culturais como dança, musica, encontros folclóricos ou costumes adquiridos dos primeiros colonizadores. São marcas deixadas por nossos antecedentes e, portanto, são consideradas patrimônio de todos.
Para paralisar ou amenizar os prejuízos e garantir um futuro melhor para as novas gerações é que nos últimos anos escutamos opiniões e são aplicadas muitas atividades de preservação e de conscientização cultural na sociedade em geral, sendo estendidas – devido a sua importância – às empresas multinacionais e nacionais muitas vezes solicitadas a cooperar com a preservação do patrimônio cultural.
Recentemente, são vinculadas na mídia e trabalhadas nos meios acadêmicos as atividades de Educação Patrimonial que visa educar a população para a preservação. Preservação do patrimônio e de sua história, destacando sua importância com objetivo de inseri-la em seu contexto histórico, a fim de valorizar a sua identidade histórica e adquirir recursos e sustentabilidade através do turismo.
Exemplos são as cidades históricas Ouro Preto, Porto Seguro, o Pelourinho, Antonio Prado, Porto Alegre, a rota germânica em nossa região, entre outros. Todas concentram ou apostam seu turismo na região histórica da cidade ou localidade, ou seja, naquilo que traz lembrança e a memória. O velho e o passado que foi restaurado ou está sendo restaurado e recém tombado com aval da sociedade , demonstrando o respeito da comunidade local pelas suas origens, é destacado. Sem a ação educativa patrimonial, porém, muitos destes objetivos não seriam atingidos. A educação patrimonial é necessária e de importância ímpar para as comunidades pois é de direito das mesmas serem esclarecidas quanto ao que é patrimônio e como preservá-lo. As ações de preservação são fundamentais, pois é a sociedade que deve decidir o que deve ou não ser preservado. É a sociedade local que dá vida e dá sentido à preservação de suas origens.
Assim justifica-se e entende-se que a Educação Patrimonial é o primeiro e mais importante passo para a preservação do Patrimônio de uma comunidade. A ação de educar forma cidadãos dispostos a adquirir novos conhecimentos e, reconhecendo sua história, obtêm êxito na preservação de sua memória.
Marina Amanda Barth
Historiadora e Arqueóloga
Assistente de Pesquisa Arqueológicas Cepa/Unisc
Mestre em História – Unisinos