Educação, sempre a educação

A cada novo período eleitoral ressurgem as promessas de campanha em que a educação é defendida em discursos inflamados e emocionados. Todos defendem que a educação é a solução para os problemas sociais e econômicos. Somente uma sociedade alfabetizada, culta, capaz de compreender a importância dos direitos e deveres, com profissionais qualificados e respeitados, o mercado de trabalho seria mais justo. Exercer a cidadania em sua plenitude é exaltado.

O povo gaúcho participa de eleições a cada dois anos – e nos intervalos elege diretores das escolas públicas estaduais e algumas municipais – com a promessa e esperança de que, finalmente, a mudança, a solução, a qualidade chegará.

Parece que a frequência com que a comunidade é convidada para eleger seus representantes e governantes deveria assegurar uma rápida correção dos erros, equívocos ou desvios de rota dos órgãos e serviços públicos. O número de conselhos municipais e comunitários envolve um grande número de pessoas. E o resultado prático?

A realidade e a prática diária constatada, no entanto, fica longe deste sonho acalentado e defendido pelos postulantes aos cargos disputados. Quando muda um diretor, um secretário, um coordenador, um prefeito, muda tudo. Instala-se uma instabilidade constante. Estado, município e comunidades não conseguem construir caminhos, traçar metas, planejar estratégias, trabalhar para a melhoria da prestação de serviços e, muito menos, alcançar uma educação de qualidade, uma formação de indivíduos úteis à sociedade.

O cidadão convive com uma estabilidade muito baixa de políticas públicas. No sistema educacional ignoram-se os Parâmetros Curriculares Nacionais, interpretam-se mal as normas vigentes, burlam-se as leis. O poder público oscila demasiadamente. Chega-se para mudar. Nem sempre construir. Seguidamente, desmontar sem tempo, sem vontade ou competência para reconstruir.

A educação vive um período conflitante quando envolve eleição ou indicação de diretores, nomeação ou contratação de professores, aplicação recursos financeiros, adequação de espaço físico, aquisição de material pedagógico, plano de carreira, salários dignos e justos. Arrasta-se num marasmo quando trata de envolvimento comunitário, proposta pedagógica, qualidade do processo ensino-aprendizagem.

Hilário Wasen

Professor de Geografia da Rede Pública e Orientador Educacional.

Posted in OpiniãoTags: