QUE FUTURO NOS ESPERA?

O que nos reserva a vida, a nossa casa, a cidade, o Brasil, o nosso Planeta, a escola? O amanhã nos reserva o quê? Estas perguntas estão presentes no meu cotidiano. Muitas dúvidas, incertezas, angústias …

Sabe-se há muito tempo que o atual sistema de ensino está defasado – muitos o classificam como falido – e esta defasagem gera consequências cruéis para o desenvolvimento socioeconômico e cultural do Brasil. Entre as citadas e debatidas incluem-se: os altos índices de evasão e repetência escolar; aprovação com notas baixas, conceitos dúbios, pareceres incompletos ou incompreensíveis, vestibulandos desprovidos de conhecimento do conteúdo básico; poucos aprovados em concurso público de nível superior; proliferação de cursos caça-níqueis; recursos públicos gastos sem critérios sérios e grande prejuízo social.

Os dados, índices e comparações com países considerados mais atrasados que o Brasil são conhecidos, mas pouco discutidos entre os educadores e o povo.

Será que é para esta finalidade que se paga 40% de impostos sobre o rendimento salarial, ou seja, trabalham-se 146 dias por ano para manter a farra de um país que dizem ser sério (até acredito), mas tem uma péssima e injusta maneira de valorizar o trabalho, premiar por merecimento, incentivar a produção de materiais úteis, construir e proteger o patrimônio cultural do povo e intelectual dos mestres, tolerar a disparidade entre o salário mínimo e máximo praticado no serviço público e privado.

A sociedade, apesar das elites dominantes com miopia administrativa crônica, deveria ter um mínimo de bom senso para ver e enxergar que nem todos estão se adaptando a esta miséria de ideias, atitudes negligentes, pura irresponsabilidade social.

Deveriam existir – e acredito que existem algumas – instituições e cursos de níveis fundamental, médio e superior sérios com boas indicações, possibilidades, maneiras de formular uma promoção social e econômica para quem ainda acredita que o trabalho braçal ou intelectual seja a melhor maneira de conquistar o bem estar.

Chega a ser irritante o gasto das verbas públicas, dinheiro do imposto do povo, e verificar os resultados de um sistema desqualificado e mal estruturado para formação de profissionais da educação. As verbas para pesquisa – especialmente para a formação de professores – são ínfimas e o resultado extremamente tímido. Os conhecimentos são reproduzidos, pois o incentivo para reflexão, reconstrução e revisão de conceitos antigos e cristalizados não se concretiza.

Fala-se muito em inclusão, no entanto a que se diz fazer é insignificante ou infrutífera. O professor brasileiro – com o salário que recebe e a oportunidade de formação oferecida – poder ser considerado um profissional incluído na sociedade?

Não se deseja defender uma prática paternalista, mas uma atitude responsável que exige comprometimento de quem gera vidas: os pais. Que os incapazes, deficientes e carentes tenham oportunidade de avançar, apesar de suas limitações.

Pairam muitas dúvidas sobre gratuidade, auxílios, anistias, incentivos, isenções, suaves ações contra criminosos e sonegadores de oportunidades para o povo.

Será que é para isto que estamos aceitando a ideia de que os valores estão mudando e os tempos são outros? A ética já não é mais a mesma ou está deixando de existir? Será inoportuno questionar a exploração humana e o acúmulo de riquezas por poucos? Devemos abandonar a idéia e o sonho de que um futuro melhor é possível?

Desculpem minha indignação, mas tenho enorme dificuldade em me adaptar ou aceitar um esquema de brincar de sério, quando se vê tanta injustiça com o povo trabalhador, com o jovem que sonha com um espaço e com as crianças que ainda não entendem e nem imaginam que futuro os espera.

Hilário Wasen
Professor de Geografia da Rede Pública e Orientador Educacional.

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