Em tempos de Vila Maluca, a produção era outra. Também eram diferentes a vida comunitária, o tamanho das propriedades rurais, a mão de obra familiar, a forma de plantar e colher.
As famílias produtoras rurais praticavam uma inteligente e abundante diversificação voltada à subsistência e ao comércio do excedente. Fazia-se dinheiro, economizava-se e muitas famílias tinham dinheiro para emprestar aos vizinhos. Os compromissos eram honrados.
Em anos de colheita magra porque o clima não ajudou, o cinto apertava e a solução era fazer negócios sem ou pouco dinheiro. Tinha para venda ou troca nas bodegas: banha, ovo, batatinha, milho, feijão … Se não tinha dinheiro, lá ia um cesto cheio de ovos. Se o dinheiro não chegava, alguns quilos de banha, toucinho e torresmo pagavam a farinha, o sal e o açúcar.
Nas décadas de 1960 e 1970, Vila Progresso (o nome já mudara) tinha uma significativa produção de suínos. Diante da quantidade e qualidade dos suínos, a produção era comercializada em vários municípios e para o Frigorífico Excelsior e a Fiambraria Weindel em Santa Cruz do Sul.
O reconhecimento da qualidade dos animais e a busca por melhores negócios – por iniciativa e apoio do Prefeito Nestor Henn – tornou possível a realização de uma exposição com presença expressiva de público e bons negócios.
O local da exposição foi no terreno em frente à Escola Estadual Frederico Augusto. Ainda há alguns sinais das instalações construídas para o evento.
Já nas décadas de 1970 e 1980, a produção de leite recebeu um incremento com a importação de vacas holandesas para melhorar a produção leiteira. Dito e feito. Muito leite foi produzido para as empresas de lacticínios Lacesa e Corlac. Um número significativo de famílias levava o leite até a estrada e o leiteiro recolhia. Também esta renda garantia a independência financeira das famílias. Financiamento bancário só em casos extremos.
Uma década depois, a outra geração aceitou e incorporou uma nova ideia: “fumo é o melhor negócio em pequena propriedade.” Esta nova ideia reduziu ou extinguiu o plantio da batata, do feijão, do milho, da abóbora, das verduras, do aipim, da criação de galinhas, de porcos, a venda de ovos e leite. Passou-se “a comprar tudo com dinheiro do fumo.”
E hoje? Hoje são outros tempos, outras formas de produzir, outras formas de comercializar. Hoje, também, há muitas famílias endividadas, dependentes das empresas fumageiras e comprometidos com financiamentos bancários por muitos anos.
A atual forma de trabalhar a pequena propriedade rural em Vila Progresso está merecendo um olhar de pessoas visionárias e não de articuladores do retrocesso ou de conformismo com a realidade local.