Síndrome da jaguatirica

A jaguatirica muito se parece com o leopardo. A cor da pelagem é semelhante a do felino e acha que um dia, se fizer muito esforço, poderá ser igual ao seu parente.

Acredita nisto porque até há indícios de semelhança em seus nomes científicos. A jaguatirica é classificada como leopardus pardalis; o leopardo como panthera pardus.

Ela sonha com a fama e o respeito que o leopardo tem junto ao reino animal. É temido pelos animais de sua cadeia alimentar. É admirado pela beleza em toda a floresta. Raros são os predadores. Somente as madames milionárias compras casacos dessa pele.

Assim, comporta-se como se grande e forte fosse. Espalha ameaça pelos galinheiros e vegetação rasteira por onde procura sua sobrevivência. Mostra os dentes afiados para pequenos roedores, serpentes, lagartos, peixes e diz que é nova ainda e, assim que crescer, voltará para mostrar a força. Resiste e defende o leopardo quando algum animal fala mal dele. É capaz de arriscar-se em caçadas perigosas e ser morta para parecer o grande felino

Somente ela, embalada pela vontade de circular pelos espaços especiais da floresta, não se dá conta do seu tamanho. Chega ao máximo a 15 kg. O leopardo pode chegar aos 90 kg. Está aí uma diferença considerável que jamais permitirá igualarem-se. E jamais chegará a alguns lugares e nunca provará da carne de algumas presas.

De forma semelhante, na sociedade contemporânea encontramos pessoas acometidas de uma síndrome crônica: a da jaguatirica. Encontramos pessoas que tentam – de todas as formas – viver de aparências. Encontramos jaguatiricas nos diferentes grupos sociais. Encontramos a síndrome entre pessoas que defendem políticos corruptos e poderosos. Encontramos indivíduos que aceitam a cor e o papel laranja de alguns polvos perigosos e assassinos. Encontramos representantes de fraudadores em indústrias e no comércio. Encontramos jaguatiricas no tráfico de drogas e no crime organizado. Se algum imprevisto surgir no meio do caminho, o leopardo estará salvo.

Encontramos criaturas que “se vestem de onça” para parecerem poderosas, sedutoras, caçadoras, felinas e vencedoras. Só parecem.

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