Professores, coragem!

Os professores e a educação do RS, novamente, vivem dias turbulentos. Além de todas as deficiências e carências noticiadas, o salário parcelado deixa muitos educadores em situação crítica para atender as necessidades básicas pessoais e da família.

Parte da categoria está mobilizada e organizada para o confronto com autoridades responsáveis pela administração do Estado. A situação é preocupante e os professores não podem acomodar-se para construir mudanças dentro e fora da escola.

Todos, dos mais humildes e simples aos mais cultos, tiveram e precisaram de professores. Não seriam quem são, se um professor não lhes tivesse ensinado as primeiras letras e vários outros conteúdos complementado a formação. O advogado, o médico, o cientista, o presidente, todos tiveram professores e deveriam ser eternamente gratos a esses profissionais. Alguns esqueceram-se desta parte.

Também começa a transparecer que os professores precisam assumir alguns erros, montar estratégias de trabalho que incluem os pais de alunos e a comunidade que cerca os educandários. A sociedade precisa estar unida à luta por uma educação e aprendizados de qualidade. As famílias não devem aceitar que seus filhos sejam orientados por mestres sem garantias profissionais. A sociedade deve exigir de seus governantes a atenção necessária para uma educação de qualidade.

Mudanças a partir de cada profissional e do corpo docente de uma escola pede coragem. Então, professores, coragem para encarar a realidade e coragem para mudar.

Na realidade, os professores meteram-se em uma enrascada. Há décadas, a categoria e suas lideranças vêm construindo um discurso de vitimização. A imagem criada é de “trabalhadores em educação” coitados, desprestigiados, injustiçados, maltratados, mal pagos, desvalorizados, desmotivados, abandonados pela sociedade e pelos governantes. Fazem o melhor que podem com o pouco que recebem.

As greves e paralisações não deixam os pais bravos, não são descontados os dias parados. Os dias são recuperados – muitas vezes – com atividades que não contemplam os conteúdos perdidos. Lutam, negociam e até brigam por horas de folga fora da escola. A hora-atividade foi aprovada e implantada para melhorar o trabalho. Deve ser o tempo destinado aos estudos em grupos, planejamento de aulas, elaboração de projetos para melhorar o aprendizado dos alunos e colocar a escola como a instituição mais importante da comunidade.

A eleição de diretores – reivindicada pelos educadores para implantar uma gestão democrática nos educandários – virou ( com a conivência de professores) um processo de práticas nada democráticas, aceitando a influência de partidos políticos e apoio para eleição, com estratégias para agradar os alunos, fragilizar a ação dos professores e a presença dos pais na escola para assumir a responsabilidade sobre a ação dos filhos.

Se houver um(a) professor(a) ou grupo de professores concursados com mais privilégios que “outros” contratados, o sinal de alerta deveria ser acionado. Se houver negligência no desempenho de funções, atitudes para recolocar o trem nos trilhos é urgente. Precisa coragem e honestidade para realizar a tarefa.

Professores, coragem!

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