(In)tolerância

Se considerarmos que a palavra tolerância significa sustentar ou suportar (derivada do latim “tolerare”), em que momento se inicia a intolerância? Tolerar é um termo que define o grau de aceitação diante de um elemento contrário a uma regra moral, cultural, civil ou física. Como isto se manifesta na vida social?
O ser humano desde cedo é orientado para o convívio social. A sua primeira experiência observa-se na família, mais tarde nas escolas e no círculo restrito de amigos. Ao longo desta experiência, ele percebe que não é capaz de conceitualizar a informação e ir à procura de soluções imediatas diante das contrariedades do percurso cotidiano.
Tudo tem limites porque nem tudo vale e nem tudo se pode. Há situações em que a tolerância sugere cumplicidade com a contravenção, omissão culposa, insensibilidade ética ou comodismo. Quais são os limites da tolerância?
Devíamos tolerar aquele que não se sensibilizam com a vida humana e destroem parte da biosfera?
Devíamos ser tolerantes com assassinos, traficantes de órgãos humanos, pedófilos e estupradores?
Devíamos ser tolerantes com aqueles que escravizam crianças e adultos para produzir barato e lucrar mais?
Devíamos tolerar o terrorismo religioso ou um projeto político criminoso? Devíamos tolerar a falsificação de remédios que levam pessoas à morte ou instauram a corrupção que delapidam os bens públicos? Devíamos tolerar as máfias, com a prostituição, sequestros, torturas, eliminação de pessoas, mutilações físicas?
Onde estão os limites da tolerância?
A tolerância sem limites é tão nefasta quanto a liberdade sem limites que leva à tirania do mais forte. A tolerância precisa da proteção da lei para não assistirmos a ditadura de uma única visão de mundo que nega as outras?
Qual é o melhor caminho? Devíamos buscar os limites no sofrimento desumano, nos direitos humanos, em leis firmes, penas duras, numa justiça rigorosa?
Eis aí algumas questões.

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