Chegam a ser preocupantes as frequentes notícias, reportagens e entrevistas que divulgam dados sobre as drogas lícitas ou ilícitas, naturais ou sintéticas, receitadas ou não. Deve-se, por uma questão óbvia, fazer ressalvas quanto às drogas (medicamentos).
No caso dos medicamentos são uma recomendação médica. Isto, no entanto, não deixa de ser um paliativo, mas necessário para amenizar um problema momentâneo, tornando-se, às vezes, inevitável um uso mais prolongado ou até mesmo permanente. Este uso precisa de acompanhamento constante de um profissional da saúde que tem o compromisso de ver seu paciente curado ou aliviado dos efeitos de uma enfermidade indesejada, desconfortável.
Os fatos e dados estatísticos divulgados dizem respeito às drogas e o que gira em torno delas, o volume de dinheiro e o número de pessoas envolvidas.
Acredito que não estou sozinho, uma vez que atuo na área educacional onde se manifestam as mais diversas formas de convivência com substâncias tóxicas, deixando claro que o ser humano é único na ação e reação diante de seus atos e formas interpretação dos fato.
A reflexão faz pensar sobre as gerações que estão envolvidas com a produção ou uso de drogas. Os usuários querendo se iludir, fugir de uma realidade, de uma situação adversa, pensando que vão mudar o quadro. Isto com certeza não ocorrerá porque partem do princípio de que para ultrapassar obstáculos da vida precisa-se de auxílio, de uma muleta.
Tal opção pode virar um vício, um caminho mais perigoso e difícil do que enfrentar as adversidades com coragem e determinação.
Muitos talvez sejam usuários porque se veem excluídos de uma sociedade que não possibilita a satisfação das necessidades básicas do ser humano, ou seja, a dignidade, a capacidade de produção, a sensação de pertencimento. Deparam-se com angústias, frustrações, decepções, baixa autoestima, curiosidades, ociosidade.
Para cada caso deve-se identificar as possíveis causas e razões para estas manifestações e não ter medo de enfrentá-los. Como sugestão para pais ou responsáveis sugere-se que fiquem atentos ao comportamento dos filhos, seu rendimento escolar, às mudanças de atitudes, reações em relação aos membros da família, relacionamento com grupo de amigos, horários de saída e chegada em casa, seus medos e desejos quanto às questões amorosas, a vontade de emancipar-se e ser autônomo (auto-suficiente) financeiramente.
Muitos pais não se dão conta da necessidade de educar seus filhos com exemplo de vida, administração de seus ganhos e gastos, estabelecer prioridades, fazer orçamento doméstico e dessa forma poderem constatar que nem tudo é possível e que temos necessidades básicas e que as supérfluas são adiáveis.
Com certeza, os filhos aprenderão desde cedo o que é possível fazer, entendendo que as vontades e os sonhos têm limites e isto evitará frustrações, aprendendo a lidar com as adversidades e desigualdades de uma sociedade de consumo.
Acrescenta-se a tudo isso a importância da valorização da família e o controle da natalidade (gerar apenas os filhos que podem ser sustentados e educados), pois muitos pais apenas põem filhos no mundo – não têm a mínima condição de sustentá-los e dar-lhes uma educação razoável. Oportunizar ao jovem a possibilidade de participar de grupos com atividades sadias (culturais ou esportivas), criar uma conscientização do prazer da vida e da paz, organizar-se para criar um lar e uma sociedade capaz de enfrentar e superar os incalculáveis malefícios causados pelo uso de drogas.
Hilário Wasen
Professor de Geografia da Rede Pública e Orientador Educacional.