A sineta chama

A sineta erguida é o símbolo da resistência do magistério público gaúcho. A sineta chama sempre que há uma atividade para iniciar. A sineta badala em momentos de alegria, tristeza, frustração, esquecimento.

A sineta chama os professores para lembrar que eles estão inseridos numa escola que parece o fiel depositário das mazelas da sociedade brasileira.

A sineta chama atenção para o cotidiano da vida escolar em que fica evidente a séria crise de valores, a falta de ética nas relações, a exigência de direitos sem o cumprimento de deveres, a desvalorização da autoridade, a defesa da liberdade de expressão confundida com dizer qualquer coisa, de qualquer forma a qualquer hora, a informação e versão deturpada, a pornografia institucionalizada sob a denominação de erotismo ou sensualidade…

A sineta chama diante da pouca vontade de estudar, a falta de perspectiva, da ideia vigente de que o aluno deve estar na escola nem sempre vem acompanhada da necessidade de dedicação aos estudos. Em decorrência disto, há alunos com faixa etária fora do esperado para uma determinada série, causando problemas nas turmas, provocando tumulto. Em vez de incluir as minorias há uma exclusão da maioria por não terem um ambiente favorável à educação.

A sineta chama os pais descompromissados e desleixados que esperam que a escola ensine boas maneiras, higiene, orientação sexual, alimentação . . .

A sineta chama autoridades que se notabilizam com discursos demagógicos em que a educação é fundamental e, depois, esquecem de implementar ações concretas para a solução de problemas.

A sineta chama professores com limitações físicas e psicológicas – decorrentes da idade, pressão constante, estresse e outras doenças – e denuncia o chamado para o trabalho de inclusão de alunos com deficiências físicas, de aprendizado, mentais, paralisias, sem ajuda ou pouco apoio de serviços auxiliares nos momentos em que precisam, vivem angustiados.

A sineta chama para uma séria reflexão e tomada de posição da categoria quanto a necessidade e/ou impossibilidade de aceitar tantas imposições que outras categorias profissionais não toleram ( dentista trata os dentes, advogado defende os direitos, cirurgião faz cirurgia . . . ). Professores deveriam promover o aprendizado, construir conhecimento.

A sineta chama para a falta de representação política que também merece uma avaliação.. Professores eleitos esquecem-se dos colegas de profissão. Não é raro, empresários darem mais importância à educação do que professores diretores, vereadores, prefeitos, deputados, senadores, secretários, ministros, governadores ou presidentes. Preocupam-se em manter seus cargos e passam a defender ideias, ocupar-se com problemas e adotar práticas que lhes garante o posto que conquistaram na eleição, com os votos dos mestres.

A sineta chama os professores acuados diante de ameaças, falta de respeito de pais e alunos que não valorizam aqueles que ajudam ou poderiam ajudar na formação, construção do conhecimento e aprendizado para o exercício de uma profissão e formação de um cidadão útil à sociedade.

A sineta chama o (des)prezado e (im)prescindível professor que se esforça para acompanhar a evolução da ciência, conviver, entender, absorver e manejar a tecnologia, os avanços da comunicação.

A sineta chama o (des)prezado, (im)prescindível e (in)substituível professor por ser capaz de construir laços fraternos, coordenar relações afetivas, despertar interesses coletivos, semear amor, cumprir deveres e exigir direitos, cultivar amizades, respeitar seres humanos.

A sineta chama e diz que somos desafiados a não perder a nossa capacidade de indignação diante da injustiça, da desonestidade, do descaso, do desrespeito. Somos desafiados a encantar os aprendizes para que sejam capazes de sonhar, projetar e construir um mundo mais humano.

Ouçamos a sineta que chama para a união em torno da educação, para melhores e felizes dias para os prezados e imprescindíveis professores.

A sineta chama a sociedade para preocupar-se com a formação e educação do cidadão brasileiro.

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