A última barbárie

Parecia consenso que – na Segunda Guerra Mundial – a raça humana produzira o que tinha de pior em horrores, perseguição, tortura, preconceito, genocídio, extermínio de vidas e raça. A morte e a insanidade justificada pelo objetivo de criar uma nação e uma raça humana superior.

Quando a humanidade presenciará a última barbárie? A pergunta pode expressar ilusão e ingenuidade.

Os últimos meses assustaram, novamente, o mundo quando os meios de comunicação apresentaram a ação dos seguidores e mentores do Estado Islâmico. A população presencia a barbárie praticada contra civis (sem respeitar direitos humanos e convenções internacionais): crianças, mulheres, idosos, indefesos residentes na Síria e Iraque.

O Estado Islâmico pratica uma barbárie medieval e a conduz em nome de uma religião. Em nome de um deus, uma crença, uma luta pelo poder político e econômico, fanáticos praticam crimes hediondos, destroem sítios arqueológicos, explodem símbolos históricos, derrubam o patrimônio da humanidade com ações marcadas por uma “sanguinolência horripilante”.

Apresenta-se um confronto entre o ocidente fundamentalista e a barbárie do Estado Islâmico. O que isto pode significar? Que desdobramentos estão sendo preparados?

Fica estampado e claro que o fanatismo religioso dispõe de recursos, um plano muito bem pensado e traçado para conquistar corações, mentes e recrutas para executar as tarefas a eles confiadas.

Presencia-se uma guerra de propaganda. Um eficiente uso das redes sociais faz o conflito ir além das fronteiras da Síria e do Iraque e dos limites do Oriente Médio e chega ao Ocidente.

Milhares de foragidos espalham-se pelo mundo. Fronteiras abrem-se e fecham à medida que os países são mais ou menos solidários com o drama das vítimas.

O que está, de fato, motivando toda esta barbárie? Ouvem-se explicações e especulações em torno do assunto. Observar os países que partiram para a reação pode ser um indicativo. Será que há uma disputa internacional em torno de riquezas naturais (petróleo, por exemplo)? É para atrapalhar ou inviabilizar o avanço de países que começaram a assumir a liderança econômica no mundo e estão ameaçando a hegemonia de potências?

A realidade assusta e gera dúvidas. O resultado ainda é uma incógnita.

Talvez, para alento e alguma esperança, a declaração de McLuhan (em 1969) ajude: “tenho uma fé profunda no potencial do homem para crescer e aprender, para sondar as profundidades do seu próprio ser e aprender canções secretas que orquestram o Universo. Vivemos uma era transitória de dor profunda e indignação trágica de nossa identidade, mas a agonia de nossa era é a dor que implica em renascimento.”

Ilusão? Ingenuidade? Quando a humanidade presenciará a última barbárie?

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