Acima da média significa ter melhor desempenho que a maioria. Estar acima da média é qualidade de superdotado. Superar a média qualifica alguém para ocupar lugar de destaque.
O detalhe é saber quanto é a média. Quantificar a média e defini-la como “ boa média” faz-se necessário quando a proposta é avaliar uma pessoa, um grupo, uma tarefa cumprida, um projeto executado. Estabelecer a média ou a média desejável é fundamental quando se deseja executar um plano ousado.
O jornais de todo o Rio Grande do Sul estamparam em letras garrafais os números ( as médias ) da avaliação do ensino feita pelo IDEB – Indice de Desenvolvimento da Educação Básica – alcançados pelos alunos gaúchos da 4ª e 8ª.
Cada leitor pode fazer sua avaliação pessoal acerca deste “acima da média” no Estado e no Município de Vera Cruz. Na 4ª série uma escola chegou a 6,6. Na 8ª série, a nota máxima foi 4.7. Houve escolas que estabeleceram como meta de chegada nota abaixo de 5.
No Brasil, a nota mínima para aprovação é 5. Países desenvolvidos partem do 6. Muitos não admitem menos de 7. Áreas e profissões que trabalham com alta complexidade a nota 9 é ponto de partida. A partir dali, os décimos fazem a diferença.
E aqui? O que nos faz comemorar o “acima da média”? Ser o melhor entre os piores?
Fazer as perguntas é fácil; cutucar onça com vara curta exige cautela e coragem.
A escola e os professores levam a carga maior nas análises do fracasso. Não raro, autoridades municipais e estaduais contratam palestrantes para dizer aos mestres as poucas e boas que devem ouvir. A atitude para mudanças e transformação fica no discurso.
Um fato, no entanto, está merecendo atenção, ação e resposta. Por que os pais aceitam que seus filhos recebam aulas e orientação de professores mal remunerados e formação defasada (apesar dos constantes seminários e inúmeras reuniões). Por que os pais não reagem diante destes números?
Será que os pais estão comparando as notas do boletim do aluno – emitido pela escola – e da avaliação externa?
E mais: “o IDEB é medido a cada dois anos e tem por objetivo fazer com que o país, a partir do alcance das metas municipais e estaduais, obtenha a nota 6 no ano de 2022, o que corresponde à qualidade do ensino em países desenvolvidos.”
Se alcançarmos a meta em 10 anos está bom. Está bom?
“Os pais se contentam com o fato de seus filhos frequentarem escolas onde a merenda e o entretenimento – agora em turno integral – estão assegurados?”
A escola deve promover a construção do conhecimento e formação de cidadãos úteis capazes de resolver problemas pessoais e coletivos.
A prova avalia o quanto o aluno lê, interpreta, escreve e faz cálculo. “Aprender a ler, interpretar, escrever e fazer cálculos” é o grande desafio. Quem sabe tira nota bem “acima da média”.
O grande desafio pede professores, pais e autoridades comprometidos com as gerações do presente e do futuro.