As doenças da miséria

O mundo está amedrontado e impotente diante da pandemia..

Em toda parte, inclusive no Brasil, vimos o ressurgimento das doenças da miséria.

A volta da tuberculose, varíola, sarampo, gripes, sífilis, febre amarela, difteria, malária e verminoses é uma realidade. Algumas delas, já erradicadas no passado, exigem um esforço coletivo (governo e sociedade) para chegar a patamares que não comprometem a saúde coletiva.

Tuberculose, doença grave que está entre as 10 principais causas de morte no mundo, são 10 milhões de casos por ano e mais de 1 milhão de óbitos. No Brasil, em 2019, foram registrados 73.864 mil casos novos da doença. Apesar de ter cura, o abandono do tratamento é o principal motivo para a tuberculose ainda continuar fazendo vítimas fatais. Apesar da redução de 8% no número de óbitos na última década (4.881 óbitos em 2008), em 2018, 4.490 pessoas morreram no país.

 A dengue está presente em 141 países. A cada ano, cerca de 390 milhões de pessoas no mundo são infectadas e 25 mil pessoas morrem da doença. Em 2019, o Brasil registrou o segundo maior número de mortes por dengue em 21 anos, com 754 mortes, atrás apenas de 2015, ano da pior epidemia já registrada.

Os países e territórios das Américas notificaram mais de 3 milhões de casos de dengue em 2019, um pico para a região, de acordo com a mais recente atualização epidemiológica da Organização Pan-Americana Saúde (OPAS).

O Brasil, dado seu tamanho populacional, teve 2.241.974 casos em 2019, 70% do total registrado na região e mais da metade das mortes pela doença. O México registrou 268.458 casos; a Nicarágua teve 186.173; a Colômbia, 127.553; e Honduras, 112.708.

Parasitoses ou verminoses são as doenças mais comuns do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os casos são mais frequentes onde falta saneamento básico, inclusive nas grandes cidades. Os parasitas podem estar na água contaminada, nas verduras mal lavadas, nos alimentos crus, até nos bichos de estimação. No Brasil, elas afetam 36% da população. Isso é mais do que uma em cada três pessoas. E, entre as crianças, mais da metade (55%).

Hoje estamos diante de um vírus potente que se manifestou  e paralisou o mundo. O número de infectados e mortos assusta e obriga ao isolamento social. A busca pelo tratamento e cura é o grande desafio. A atenção com a saúde pública está em xeque por toda parte.

Muitos são os questionamentos, opiniões e afirmações; prevalecem as dúvidas e incertezas. Ações de combate são utilizadas, às vezes, com sucesso, outras com fracasso.

O Covid-19 é o reflexo da degradação ambiental. O planeta terra está sujo, poluído pelo relaxamento humano com o destino de seus dejetos. A insalubridade está em toda parte. A raça humana – de todas as classes sociais –  está sensivelmente frágil (com pouca resistência e baixa imunidade) por causa da má qualidade de vida ambiental e nutricional, causada por uma alimentação industrializada, contaminada com aditivos químico e  largo uso de defensivos agrícolas também conhecidos como agrotóxicos

O avanço da epidemia, também, é o resultado de uma globalização da economia, da migração da mão de obra e do turismo. Grandes massas humanas circulavam pelo mundo, levando e trazendo o que há em cada  lugar.

O mundo está em  clima de guerra contra um inimigo desconhecido. Os meios de comunicação, no Brasil, estão  concentrados na divulgação dos números o que aumenta o pânico entre os habitantes e desperta divergências entre a necessidade de salvar vidas,  a  garantia da sobrevivência da população e o equilíbrio da economia nacional.

Se a primeira e segunda guerra eram bélicas, hoje, estamos diante de uma guerra biológica contra a qual nenhuma nação ou exército tem armas de contra-ataque. A solução é a união de todos para vencer um inimigo que ameaça a todos, inclusive os inimigos históricos.

O  combate às epidemias e seu  sucesso dependem deste esforço.

O atual momento, também, é uma oportunidade para dar-se conta do que realmente é essencial para a vida, o quanto se precisa para viver bem e como somos dependentes e/ou impotentes.

 

 

Posted in Meus Textos
1 Comment
  • Ricardo Ernani Sander

    Prezada professora Celeste.
    Seu comentário a respeito das doenças da miséria são muito pertinentes para o contexto atual, aqui no Brasil. Concordo com seu ponto de vista e vejo o quanto ainda falta ser feito. Há trabalho de sobra, só no caso da saúde. Há milhares de mortes com as doenças mencionadas, além da Covid-19. Triste demais. Dói na nossa esperança e na expectativa de um Brasil melhor para todos. Obrigado.

    19:40 20/05/2020 Responder
Write a comment