Há muitos séculos, a biblioteca é o local onde se dispõe de livros para adquirir conhecimentos, para comparar opiniões, para realizar pesquisas, ler por puro prazer, para compreender a complexidade do mundo e do ser humano.
Nas últimas décadas, a biblioteca tradicional enfrenta a concorrência da biblioteca virtual. E, a partir desta realidade, surgem os defensores deslumbrados com a tecnologia e dizem que nada melhor que um computador com suas inúmeras possibilidades de acesso para resolver os problemas da falta de leitura. Afinal, em poucos minutos ou segundos, o indivíduo tem à disposição os livros dos melhores autores, das grandes bibliotecas. Livrarias e livreiros esperam os internautas de braços abertos. Menos! O mundo virtual é colorido, chamativo, tentador, mas está longe do alcance da maioria das crianças, adolescentes e potenciais aprendizes. O mundo virtual não é a oitava maravilha.
A biblioteca, especialmente a pública, não precisa e não deve ser um depósito de livros com acervo formado por doações de livros que sobraram de inventários, da limpeza de estantes de professores aposentados, doação de autores desconhecidos e ponta de estoque de editoras e livrarias. Deve, sempre, ser a preocupação e ação de secretarias de educação, cultura e de autoridades (prefeitos, vereadores, deputados e governadores) que defendem a educação em campanhas eleitorais.
O computador – e seus acessórios – é caro e com pouca durabilidade. Em curto espaço de tempo precisa de manutenção e substituição. Os CDs e DVDs, para armazenamento de dados, tem vida curta. Com o valor gasto para comprar dez computadores (medianamente equipados) é possível comprar mil livros. Com uma vantagem: o livro pode ser emprestado, levado para casa onde não tem luz, lido na cama ou sentado no chão, não depende do sinal da banda larga, não exige pagamento de taxas de acesso à internet e pode durar décadas sem desatualizar-se.
Bill Gates – referência, autoridade no mundo virtual e fundador da Microsoft – declarou: “meus filhos terão computadores, mas antes terão livros.”
A quantidade, a qualidade, diversidade do acervo bibliográfico e as atividades realizadas para a utilização e divulgação de uma biblioteca pública faz dela um espaço procurado ou ignorado por uma comunidade.
Vera Cruz é um dos municípios brasileiros que tem biblioteca pública (um número considerável de cidades e escolas não dispõe deste espaço). Como está o acervo da biblioteca? Quanto é investido anualmente na aquisição de livros para atrair os leitores e atualizar o acervo? Os vera-cruzenses sabem onde está situada a biblioteca? A biblioteca recebe a atenção necessária das autoridades que defendem a educação em suas campanhas?
As pessoas que trabalham em bibliotecas públicas sabem o quanto é difícil convencer um gestor público – sem convicção – a investir na aquisição de livros.