Meia-boca significa uma tarefa mal feita, um trabalho não concluído, um plano mal executado, um conserto feito pela metade, um ambiente mal arrumado, um indivíduo mal vestido ou de forma inadequada, uma faxina em que ainda há sujeira pelos cantos.
A cultura do meia-boca – neste nosso imenso, belo e rico Brasil – parece em franca expansão. Dá a impressão que qualquer coisa serve.
Parece que a cultura do meia-boca está nas escolas quando o aluno é aprovado apenas pela freqüência às aulas, quando não aprende a falar corretamente a sua língua, quando não entende o que lê, quando escreve textos sem contexto e coerência, quando não realiza cálculos básicos, quando não aprende a história da sua gente e do país, quando não sabe se localizar geograficamente.
Parece que a cultura do meia-boca está no meio rural quando o agricultor não tem conhecimento suficiente para dominar o plantio, colheita e comercialização de seus produtos. Quando planta ou produz de qualquer jeito e fracassa com a baixa produtividade, quando não projeta despesas e receitas em sua atividade, quando não faz o balanço dos seus resultados, quando não redireciona seu trabalho e investimentos.
Parece que a cultura do meia-boca está afastando muita gente do mercado de trabalho quando as vagas e oportunidades exigem gente habilitada, profissionais competentes, trabalhadores comprometidos com a produção e sucesso da empresa ou empreendimento. Parece que a cultura do meia-boca não deixa o empreendedorismo prosperar, a inovação frutificar, a pesquisa avançar, os novos produtos surgir.
Parece que a cultura do meia-boca encontra terreno fértil no meio político quando as leis não favorecem o povo, quando a administração pública e/ou privada privilegiam interesses mesquinhos, quando o bem comum é ignorado e o patrimônio público depredado, quando os direitos não são assegurados e os deveres não cumpridos.
A cultura do meia-boca é boca braba!