Importância do historiador e do arqueólogo

  O historiador é o profissional que estuda o homem em seus diversos momentos históricos desde o período pré-colonial até o contemporâneo. Como ferramentas de estudo faz uso de fontes históricas, as quais podem ser escritas (documentos, fotos, mapas), orais (relatos de quem acompanhou fato histórico) ou em forma de objetos deixados pelo homem.  No decorrer de sua vida acadêmica, o historiador desenvolve técnicas de estudo de fontes históricas, onde aprende a indagar as fontes de pesquisa:  por quem, quando e onde foram produzidas. Essas informações estão diretamente ligadas no ato da elaboração do documento da pesquisa. O olhar crítico sobre o documento e o contexto historiográfico são de suma importância para o historiador relatar o momento histórico estudado por ele. Esta crítica à fonte é uma das diferenças entre o historiador fruto da academia e o amador.

Como mencionado, o historiador – por diversas vezes – possui como fonte os objetos deixados pelo homem. Neste caso, o arqueólogo é o profissional que atua na localização, identificação e interpretação das fontes materiais. As duas ciências – interdisciplinarmente – procuram a resposta para o tema estudado. Quando as fontes escritas são raras, a arqueologia auxilia os historiadores na solução dos problemas propostos pela pesquisa. As fontes escritas produzidas por alguém, com interesse próprio ou coletivo em determinada época, devem ser indagadas. Já os restos, vestígios deixados pelo homem comprovam quando, como e onde habitava.

Para refletirmos, menciono um exemplo que remete a importância das pesquisas históricas e arqueológicas efetuadas em Vera Cruz e Vale do Rio Pardo – pelo Museu Colégio Mauá e CEPA/UNISC – desde a década de 1966 até o ano de 2008.

Neste percurso de importantes e intensas pesquisas desenvolvidas pelo Museu Mauá foi localizada a redução Jesus Maria no Município de Candelária.  Esta redução da primeira fase jesuítica, fundada pelo padre jesuíta Pedro Mola, em novembro de 1633, e destruída pelo bandeirante paulista Raposo Tavares em 1636.

O mesmo sitio arqueológico foi tema de dissertação de mestrado de Pedro Augusto Mentz Ribeiro, fundador do Centro de Ensino e Pesquisas Arqueológicas da Universidade de Santa Cruz do Sul. O pesquisador estudou com afinco os vestígios, recebendo aprovação da banca examinadora da PUC/RS.

Estas pesquisas históricas e arqueológicas disponibilizaram para o meio acadêmico e comunidade duas publicações científicas e artigos no jornal Gazeta do Sul na época.

Nos últimos anos, vem sendo efetuados passeios ciclísticos, cavalgadas e atos litúrgicos em Linha Tapera, interior de Vera Cruz, enfatizando que nesta localidade estaria localizada a sepultura do Pe Jesuita Cristóvão de Mendonza y Orellana e a redução Jesus Maria.  Atualmente, as pesquisas realizadas pelo Mauá e CEPA ganham novamente importância para a comunidade vera-cruzense.  Pois são elas que garantem a presença de sítios arqueológicos tupiguarani na região e a comprovação da redução Jesus Maria em Candelária. Sendo equivocada a criação de Parque Cultura Histórico e Ecológico na localidade de Linha Tapera por motivos históricos.

Vale lembrar que o discurso sem provas de fontes históricas, prática e experiência na área da ciência histórica ou arqueológica são inconsistentes.

Fica aqui um exemplo que o passado faz parte do nosso presente e que a academia através de seus profissionais repercute na sociedade. A influência dessas ciências esáa presente em cada momento de nossas vidas, pois fizemos história e deixamos os registros em todos os espaços por onde passamos. Nossas marcas permanecem!

As pesquisas acadêmicas influenciam na vida da sociedade? A quem devemos dar importância a ciência ou a apologia?  Estas indagações fazem sentido neste momento

Marina Amanda Barth
Historiadora e Arqueóloga
Assistente de Pesquisa Arqueológicas Cepa/Unisc
Mestre em História – Unisinos

Posted in OpiniãoTags: