Inéditos e Original

Ainda existe ineditismo e originalidade? Esta é uma boa pergunta quando se observa a vida, as relações humanas, o comportamento social, a prática política, a produção artística e literária, os programas de tv, as telenovelas brasileiras, a ação da polícia e do crime organizado.

O futebol, a Copa do Mundo, a Seleção Brasileira, o povo brasileiro conclamado para torcer pelo time brasileiro num aparente exercício de cidadania e patriotismo. Algo de errado nisso? Claro que não, segundo uma boa parcela da população. O causa estranhesa para muita gente é a intensidade e importância que se dá aos eventos. Até altera o horário de funcionamento do comércio, indústria e órgão públicos. O que o povo brasileiro ganha com tudo isso?

A campanha eleitoral, então, nem se fala. A lei eleitoral proíbe a declaração de apoio a algum candidato fora do período de campanha e faz vista grossa para o financiamento – os valores doados por grupos, pessoas e empresas são vultosos – de candidaturas. Como os eleitos vão devolver tanto dinheiro, se os salários a que têm direito não atingem o valor durante os quatro anos. As coligações, loteamento de cargos, distribuição de favores, o transporte de eleitores, as promessas, a falta de plano de ação e governo, os partidos e filiados que ignoram a filosofia e ideologia…

A moda, de tempos em tempos, revisita os trajes de outras décadas. Mudam ou adaptam-se as cores aos novos tecidos, a tintura e corte são mecanizadas, a produção é feita em série. O modelo exclusivo e único quase não existe mais.

A música não apresenta mais novos ritmos há várias décadas. O rock, o rap, o funk, o reggae, country, samba, tango, bolero … são bem velhinhos. Aparecem com nova roupagem e diz-se que são inéditos.

O corpo tatuado e o uso de piercing remontam à época em que tribos humanas se preparavam para festas e guerras.

A crueldade do crime organizado na execução dos sequestrados e assaltados assemelham-se às lutas, atrocidades e batalhas da Idade Média. Os níveis de crueldade são marcas de épocas dos bárbaros. Os presídios, em muitos casos, assemelham-se às masmoras.

Os grandes pensadores, os teóricos, economistas e cientistas estão inventando novas formas de pensar? Conseguem criar novas teorias ou, apenas, recontam aquilo que a humanidade já descobriu há décadas ou séculos? A recente crise econômica internacional deixou claro que é preciso economizar, fazer poupança, aplicar em produção para ganhar dinheiro. Investimento em papel e especulação não duram muito tempo. Quem gasta mais do que ganha fica devendo, quebra e passa vergonha na praça. Ficar com o nome sujo é alguma novidade dos tempos modernos?

O mais preocupante é a falta de criatividade e inovação para acompanhar a dita evolução dos tempos contemporâneos na educação. Há os que justificam e explicam que a grande jogada é a informatização, a conexão global, a telefonia celular, a digitalização… Será?

O que, atualmente, é inédito e original? Não é tudo apenas uma recriação, uma remanufatura, um remake?

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