Impossível esquecer as imagens de sacos de lixo boiando e entupindo bueiros nas ruas durante as chuvas dos últimos dias enfrentadas por brasileiros em muitas cidades. O que fazer para em um futuro não tão distante, podermos ver imagens menos tristes, de um povo cidadão, que respeita e tem orgulho de sua cidade?
Enchente e lixo. Muito lixo. Esgoto, ratos, carros boiando, casas danificadas, móveis empilhados ou destruídos pela lama. Vidas arrasadas… Este, certamente, poderia ser o roteiro do próximo filme de terror de alguns dos maiores diretores de cinema ou novela. Desses com criatividade suficiente para inventar ‘serezinhos’ verdes e, ditos, “irracionais”, mas que, mesmo na ficção, têm mais consciência da importância da preservação do meio ambiente do que os homens reais, ditos “racionais”.
Poderia ser, mas, infelizmente, não é nenhum roteiro de filme de terror. É a mais pura realidade e está aqui, bem pertinho de todos nós: na minha, na sua, na nossa rua, na nossa cidade, em nosso município. Em nossas vidas!
Essa é a realidade de milhares de pessoas que vivem em pequenas ou grandes cidades do país, infladas pelo crescimento desordenado e que, a cada chuvarada, enfrentam a mesma problemática: chuvas torrenciais, muito lixo nas ruas e, consequentemente, enchentes.
Como em todo e qualquer caos enfrentado procura-se logo um culpado. Alguém a quem se possam atribuir as responsabilidades por aquele absurdo e de quem se possa cobrar soluções urgentes. Mas, nos casos mostrados pelos meios de comunicação, as pessoas enfrentam, a cada chuva, enchentes cada vez maiores. Quem pode ser o culpado? De quem cobrar providências?
Estas e muitas outras perguntas são feitas a cada nuvem escura no meio da tarde, a cada chuva que faz das cidades, reféns de seu próprio desenvolvimento. Quando o dia vira noite em muitas cidades do Brasil, outra pergunta teima em rondar nossas cabeças: serei eu a próxima vítima?
Em meio a tantas perguntas, parece que pelo menos para a mais importante delas, as pessoas já encontram a resposta: a população desleixada, inconsequente e relaxada é um dos grandes responsáveis pelo agravamento das inundações e danos.
A grande maioria dos municípios conta com recolhimento regular do lixo. É verdade que alguns são mais eficientes, mas não serve como desculpa a falta de recolhimento e destino adequado dos resíduos.
Convém ressaltar que o poder público não faz a sua parte quando não implanta saneamento adequado e não cuida da construção de redes de escoamento. Também é responsável pelo caos por permitir a construção de casas e formação de núcleos habitacionais em áreas proibidas ou que oferecem riscos à segurança aos moradores.
Mais importante do que encontrar culpados, é fundamental entender que as responsabilidades devem ser compartilhadas e a busca por soluções deve acontecer em parceria, cada um fazendo a sua parte.
Para tanto, cidadania e educação devem estabelecer relações inseparáveis que mudam uma sociedade.
Posted in Meus Textos