Poetas, cronistas, romancistas, jornalistas, contistas, dramaturgos, cineastas, chargistas, pintores, escultores, atores… Malditos. Geralmente geniais.
Perspicazes, irônicos, satíricos, debochados, audaciosos, corajosos, comprometidos, engajados, esclarecidos, transgressores, independentes… Malditos. Genialidade maldita.
Perseguidos, censurados, ameaçados, boicotados, rejeitados, denunciados, difamados, fascinantes, perturbadores, brilhantes… Malditos.
A denominação de maldito não é um termo recente. Para identificar os autores que têm suas obras censuradas em sua época e obtêm reconhecimento muitos anos após sua publicação, foi criado o termo escritores ou poetas “malditos”. Com a censura de seus pensamentos, as obras ficam muito tempo mofando sem chegar a um grande número de leitores. A maioria delas, quando descoberta pelos críticos e público em geral, é considerada inovadora e influente.
O termo poetas malditos ganhou maior notoriedade quando, nos anos de 1884 e 1888, o amigo de Rimbaud, Paul Verlaine, publicou a obra “Les Poètes Maudits” (Os Poetas Malditos). Assim eram apresentados ícones como Rimbaud e Tristan Corbière. O termo maldito também pode ser aplicado em autores do fim do século XIX que passaram pelo mesmo processo como William Blake e Baudelaire. Também Henry Miller, que teve suas obras proibidas nos Estados Unidos dos anos 1930. Os beatniks dos anos 1950 como Allen Ginsberg, Jack Kerouac, William Burroughs e Lawrence Ferlinghetti.
Todos estes autores são associados pelos críticos literários como transgressores, escritores que romperam a se rebelaram contra as tradições e costumes da época em que iniciaram seus trabalhos.
Os escritores considerados malditos no Brasil são: Sousândrade (1833-1902), João Antônio, Paulo Lemisnki, Alice Ruiz, Jorge Amado, entre outros. Gregório de Matos Guerra (1636 – 1696), o “Boca do Inferno”, com seu espírito crítico, satirizava políticos, comerciantes, clero, colonizadores e até mesmo o povo. Para isso, usava palavrões em suas obras. Os malditos e sua obra maldita quebraram paradigmas em sua criação literária e marcaram influência na sociedade.
O termo “maldito”, também, foi muito usado nos anos 1970 para classificar artistas e autores que foram geniais, mas considerados pouco comerciais para as gravadoras e editoras.
Os canais que abrem espaço e permitem a veiculação das ideias dos malditos são editoras, rádios, jornais, revistas, teatros, cinemas, internet…
O contrário de escritor maldito é escritor olímpico. Quem pode ser denominado autor maldito na atualidade? Quem são os malditos e os olímpicos de Vera Cruz e região?