A educação gaúcha vive momentos de turbulência. A proposta de mudanças no ensino médio desacomodou a comunidade escolar. A greve dos professores não. Pais e governo acham a greve inoportuna como há muitas décadas; os professores a adotam como último recurso.
A pressão e manifestação de pais e alunos fizeram o governo recuar e mudar a estratégia para implantação de mudanças. Os professores deveriam aprender a lição. Apresentar aos pais o tamanho do salário que os docentes podem receber – por escolherem o ensino como objetivo de trabalho e vida e o plano de carreira respeitado – faria dos pais e comunidade gaúcha os aliados para muitas conquistas.
Será que os gaúchos sabem que um professor pode alcançar o máximo de 4,5 vezes o salário básico – com curso de pós-graduação e promoções? Será que os pais sabem que nem todos os professores chegam ao topo da carreira? Os governos esquecem de promover os educadores ( os últimos promovidos são de 2002).
De posse dessa informação, os leitores podem fazer os cálculos.
4,5 x 1.187,00 = 5.341,50. Este valor é muito para 40h semanais após trinta anos de trabalho? Um grande número trabalha 20 horas porque não consegue trabalhar mais pelo fato de não haver vagas na sua disciplina. Receberia, então, a metade: R$ 2.672,75. É muito?
A grande explicação é a falta de dinheiro, Não convence os atentos. Há desvio, má-gestão ou desperdício de dinheiro público em licitações, em contratação de empresas e serviços, em concessões generosas, em parcerias com institutos e organizações não governamentais. Falta honestidade e sobra corrupção.
Os pais e estudantes perceberam que é preciso explicar bem o que é curso politécnico. Estão desconfiados que é algo semelhante ao PPT (preparação para o trabalho) que não preparou os estudantes para trabalho nenhum.
Precisamos de cursos técnicos sim. E sem perda de tempo em escolas politécnicas onde os alunos serão formados para dar conta de uma profissão que pode render salários superiores aos que completam ensino superior.
O ensino médio profissionalizante forma técnicos e o ensino superior forma pesquisadores. Aí está um dos grandes problemas do ensino brasileiro.
Enquanto educação não for prioridade para formação de indivíduos úteis para a sociedade, a promoção pessoal e desenvolvimento do Brasil, enfrentaremos muitas greves inoportunas e muitas mudanças inadequadas no ensino em todos os níveis.
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