Os diferentes estratos, classes e estruturas sociais oportunizam e exigem que o indivíduo se movimente, estabeleça relações, viva e conviva com os demais integrantes da sociedade.
Neste movimento social surgem as possibilidades de fazer, construir, refazer, desfazer, reconstruir, organizar, desconstruir, reorganizar, demolir… É o momento de identificar os integrantes de cada grupo social, a tendência, a vocação e determinação de cada um na sua “ação social”. Surgem os que criam oportunidades, veem caminhos, apontam alternativas, constroem possibilidades. São pessoas de bom caráter, boa índole. Agem com respeito, têm ética e consciência dos atos propostos. Em oposição, os oportunistas – geralmente bajuladores, covardes, dissimulados e fofoqueiros – utilizam-se de pessoas frágeis, momentos de indecisão coletiva, horas de incertezas sociais para levarem vantagem para si próprios ou a um pequeno grupo que os protege.
A oportunidade é uma janela de possibilidades. O oportunismo é o uso indevido destas possibilidades e conquistas que se deram no caminho (aproveitam-se do mel quando a mesa está posta). Oportunidade é quando há janela para bom negócio, uma boa ação. Oportunismo é aproveitar a janela de forma pouco ou nada ética.
O destemido empreendedor é realizador e inovador. As oportunidades estão ligadas as realizações, já a ação dos oportunistas às traições, principalmente, as que ferem o principio da lealdade na amizade.
A oportunidade geralmente é ligada ao caráter do empreendedor. No oportunismo se vê o desvio no uso, pela conduta esquizofrênica e fisiológica de manter o “status quo” da sua condição privilegiada frente aos outros.
O oportunista esconde-se nas sombras, usa máscara, é prepotente, julga conhecer mais e melhor, engana pela mentira e desídea. Surge quando menos se espera e aproveita um vacilo ou cochilo da comunidade. Aplica o golpe sem dó e elimina quem julga necessário. Muitas vezes, de forma equivocada, é classificado como dotado de grande visão, quando – na realidade – é chulo e rasteiro.
O oportunismo também pode ser notado na (des)organização social das escolas, comunidades, sociedades, associações e cooperativas quando os sócios confiam cegamente em seus dirigentes, seus projetos e sua prestação de contas sem fiscalizá-los. Também prolifera na composição de conselhos e diretorias em empresas públicas e/ou privadas e na administração pública. Procura espaço nas coligações e composições de partidos políticos em época de campanha e eleição para vencer uma disputa.
Com todas estas definições e conceitos, é possível ampliar o campo de visão e elaborar uma opinião sobre os acontecimentos sociais que nos cercam: entidades que fracassam ou deixam de lado seus princípios e objetivos, grupos de lutas e vandalismo, fragilidade das autoridades comprometidas com a corrupção, os direitos humanos sob um enfoque nebuloso que não garante segurança ao cidadão de bem, as torcidas (des)organizadas do futebol que são patrocinadas por dirigentes, a formação de alianças partidárias, a indicação de candidatos para cargos eletivos e, também, os eleitos para administrar o município, o estado e o país.
A oportunidade prospera na sociedade organizada; o oportunismo viceja na desorganização social.