A crise de credibilidade que se instaurou no cenário político brasileiro vem comprovar aquilo que muitos já vinham alertando, ou seja, o sistema partidário e eleitoral brasileiro está refletindo suas enormes distorções e imperfeições na forma de crises cíclicas que colocam, cada vez mais, a imagem do político num patamar de grande descrédito perante a opinião pública. Os partidos políticos, por sua vez, demonstram não representar os verdadeiros interesses em jogo no interior da sociedade brasileira e precisam ser reformados com urgência. Daí a pertinência de se retomar as análises feitas por importantes cientistas políticos e propor reflexões à sociedade a respeito das principais abordagens sobre os partidos e os sistemas partidários.
Pode-se também dizer que os partidos políticos pertencem, em primeiro lugar e, principalmente, aos meios de representação, sendo um instrumento ou uma agência de representação do povo, expressando suas demandas e/ou reivindicações. O governo, por sua vez, torna-se partidário, pois é o partido que passa a governar. Assim, esse processo de consolidação tornou os partidos em partidos de massa que podem assumir características de cunho trabalhista, comunista, socialista, democrata… Também podem ser definidos com de direita, esquerda ou centro.
Nessa abordagem da escolha racional não há uma preocupação com o fato de os partidos serem um reflexo da desorganização social, porque se acredita que os mesmos estão mais interessados em, através dos votos, ganhar eleições e chegar ao poder para obter renda, prestígio e poder. Logo, define-se o partido a partir do seu objetivo, isto porque, se entende que o eleitor não votaria sob o ponto de vista de que seu voto tem um valor infinitesimal, mas que o voto depende, fundamentalmente, do custo e do benefício que irá produzir para o eleitor.
A partir dessa abordagem da escolha racional pode-se definir um partido político como uma coalizão de indivíduos que busca controlar o governo através das eleições, e esse controle da máquina pública governamental é importante porque permite ao partido ter acesso à renda, prestígio e poder. Os partidos, assim, formulam políticas para chegar ao poder, fazendo da política um meio e do poder o fim. Logo, o partido não busca o poder para formular e implementar uma política, pois, nesse caso, o poder seria o meio, e a política os fins. Assim sendo, pode-se deduzir que os cargos públicos são, na sociedade brasileira atual, subproduto dos interesses privados e/ou pessoais. Enfim, os partidos buscam os votos e, para isso, precisam formular políticas. Políticas que não são para atender demandas sociais, mas para se conseguir votos e, se para conseguir votos, as políticas devem procurar atender algumas demandas específicas da sociedade. Então, os partidos podem adotá-las, mas apenas como meio de se ganhar eleições.
Os partidos políticos brasileiros aceitam, em seus quadros, filiados sabidamente envolvidos com corrupção, desvios, má-gestão ou demagogia e os colocam como candidatos a cargos eletivos, tendo – muitas vezes – como critério o oportunismo, a den$idade eleitoral, a capacidade de arrecadar fundo$ para financiamento$ de candidaturas e campanhas.
Como mudar esta realidade? Começar a mudança por onde? As eleições municipais seriam um bom começo? 2016 oferecerá esta oportunidade. Mais uma vez, partidos e eleitores poderão excluir partidos, partidários, filiados e candidatos que já demonstraram falta de competência, pouca capacidade administrativa e ausência de comprometimento com as causas sociais e desenvolvimento do município.