Promoção por merecimento

Melhorar os índices de aprendizagem, de aproveitamento, de desempenho e aprovação dos alunos da escola pública gaúcha é a preocupação do momento, o assunto da moda e da hora. Administradores públicos (prefeitos, deputados, vereadores, secretários e governadores) e da iniciativa privada afirmam que os responsáveis são os professores que deixam a desejar. Não são alcançados bons índices porque os professores não são eficientes. O trabalho realizado não é eficiente, não é produtivo o suficiente para alcançar notas de destaque na avaliação nacional.

Rapidamente, as autoridades chegaram a conclusão que os professores deveriam ser premiados, receberem algum pagamento quando realizassem um trabalho de qualidade e melhoria no aproveitamento do aluno. Em suma, notas melhores que as atuais abaixo de 50. Um prêmio por merecimento, um destaque por mérito e bons serviços.

A maioria da população gaúcha não sabe, não é informada ou não se lembra que os Professores da Rede Pública Estadual do RS tem um Plano de Carreira que prevê a promoção por merecimento. Todos os anos, os professores concursados são avaliados – com notas de 1 a 8 – nos aspectos: rendimento e qualidade do trabalho, cooperação, deveres e responsabilidade, assiduidade, pontualidade, conhecimento e/ou experiência, iniciativa.

Além destes aspectos, os mestres são avaliados por participação em cursos, seminários ou eventos para atualização de estudos e conhecimento. São pontuados quando elaboram e concretizam projetos para a escola, alunos ou comunidade local. São pontuados quando produzem conhecimento e o tornam público em livros. São pontuados quando publicam artigos, trabalhos e pesquisas em jornais e revistas. A nota final obtida habilita o professor a concorrer à promoção por merecimento com todos os demais professores do Estado.
Assim, soa estranho o governo do estado fazer tanto barulho em torno do mérito, do merecimento, da meritocracia para promover e remunerar melhor os que mais têm trabalhado e melhores resultados tem alcançado. Soa estranho porque os últimos promovidos são os avaliados em 2002. Será que nenhum professor realizou um trabalho merecedor de destaque? Duvido! Há milhares de professores fazendo um trabalho extraordinário que não é alvo da mídia. Por que será?

Se os índices de aprovação das escolas não batem com as notas da avaliação externa, seria interessante reavaliar a pressão que os educadores recebem para aprovar os alunos que não realizam bons trabalhos, estudam pouco, apenas freqüentam aulas, não demonstram interesse para aprender. Seria importante reavaliar a promoção automática sem reprovação em algumas séries. Seria necessário prover as escolas com material didático adequado e recursos humanos (professores, orientadores, supervisores e funcionários) capacitados para desenvolver um trabalho em que o processo de ensino-aprendizagem levasse ao bom desempenho o maior número possível de alunos. Seria importante remunerar o profissional de forma que possa trabalhar, aperfeiçoar-se, produzir conhecimento e promover a aprendizagem com as crianças que lhe são confiados.

O que, então, falta para os professores gaúchos serem promovidos por merecimento?

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