Quem diria que – algum dia – o Brasil e os brasileiros poderiam enfrentar, sem grandes sobressaltos, uma gigantesca crise econômica mundial.
Quem diria que, um dia, estaríamos diante da queda, fracasso, decadência, falência de um país ( EUA ) que decidiu, ditou, exigiu, determinou os rumos que as economias locais do 3º mundo deveriam seguir. A força do mais forte nos impunha os caminhos a seguir, a ideologia, a prática administrativa e política onde se privatizam os lucros e se estatizam as despesas, os investimentos em estruturas, os prejuízos.
Quem diria que, algum dia, veríamos os banqueiros internacionais e empresas poderosas expressarem seu desespero diante da possibilidade de grandes prejuízos ou falência total. E as propostas de compra destas instituições surgem da China e da Coréia, causando espanto e acendendo o sinal de alerta.
Quem diria que mudaria o quadro conhecido, no Brasil, durante décadas, quando economistas, ministros e presidentes ocupavam a “rede nacional” para explicar, informar, nem sempre esclarecer as causas, convencer o povo das dificuldades, do desequilíbrio da balança comercial, da impagável dívida externa, dos constantes aumentos do dólar, dos juros da dívida, do controle do FMI . . . e muitos outros problemas.
Desencadeou-se uma estratégia de desenvolvimento tecnológico e industrial para atrair empreendimentos nacionais, multinacionais e/ou transnacionais com base na isenção de impostos e incentivos fiscais provenientes do dinheiro do cidadão brasileiro.
Dissiminou-se a idéia do estado mínimo. O setor privado – através do livre mercado – comanda o espetáculo, o consumo, o lazer, a expansão industrial, a comunicação. A economia de mercado determina as regras do jogo. Ao estado cabe a saúde, a segurança, a educação, a previdência, a aposentadoria. Tudo que não dá retorno financeiro, ou seja, lucro abundante.
Quem diria que na hora da quebra, do colapso, da falência, o estado mínimo deve socorrer os que estão acostumados a lucrar sem risco. O contribuinte é sangrado para pagar a conta do banquete neoliberal e da farra econômica e, pior que isto, se não fizer leva a culpa ou sofre as conseqüências da instabilidade, da inflação, da insegurança, da fome, da doença, da violência, da guerra, da miséria.
Quem diria . . . O Brasil é viável. Os brasileiros começam a confiar na própria capacidade e força. Tomara que saibamos eliminar a corrupção, o desvio de verbas, a impunidade.
Quem diria . . .