Os professores da Rede Pública Estadual do RS e o Sindicato que os reúne são conhecidos pelas greves, paralisações, reivindicações, protestos, panfletagem, enfrentamento e confronto com governantes insensíveis, persistência e insistência na defesa de melhores salários (pagamento do piso nacional), nomeação de concursados, melhores condições de trabalho, plano de carreira e ensino de qualidade para as crianças gaúchas.
Também são conhecidos pela união da categoria, pelas assembleias com 18.000 professores no Gigantinho, pelas conquistas em décadas passadas, os poucos avanços nos últimos anos e as dificuldades encontradas para negociar com governadores e autoridades. As reivindicações não passam da porta do Palácio, enquanto outras categorias circulam pelos corredores e sentam à mesa para negociar. E ganham.
É, também, o CPERS Sindicato que sempre pregou a cooperação e esclarecimento dos sócios, zelou pela realização de eleições e a organização dos professores em núcleos para assegurar a participação dos filiados.
Novamente, o CPERS prepara eleições. Novamente organizam-se chapas para a disputa. Novamente, os professores são chamados para votar e precisam ficar atentos para as mudanças necessárias diante da realidade social, política e econômica do RS e do Brasil. Novamente precisam escolher entre as propostas apresentadas.
Convém salientar que o Sindicato e seus filiados precisam acompanhar as mudanças nas relações de trabalho e para isto deveriam: evitar os radicalismos; identificar ou construir novas formas de negociação; construir alternativas plausíveis; evitar intransigências; identificar e definir prioridades; resgatar a união, autoestima, respeito, a importância e a consideração com a categoria.
Fundamental, também, é incluir as famílias (pais ou responsáveis) em toda esta estratégia e luta para a valorização do professor e a garantia de qualidade do ensino nas escolas públicas do RS. Precisa a presença física dos pais, o contato com os filhos e professores. Esta tarefa faz parte da pesada responsabilidade de educar para a vida. Ensinar e dar o exemplo para a convivência com as leis, com o País, com a comunidade, a ordem, a disciplina, o livre arbítrio, a força pessoal e a importância do estudo e conhecimento para a formação de cidadãos úteis e felizes.
É consenso em todo mundo que “fora da educação não há salvação.” Assim, fica difícil entender que as famílias aceitem que seus filhos estudem em escolas sofríveis, recebam educação medíocre e sejam orientados por mestres desprestigiados, ignorados, desrespeitados e mal remunerados.
Os professores não podem fugir da responsabilidade de ensinar e construir ensinamentos com seus alunos. Os professores não podem ser hipócritas ou ingênuos e assumir toda a carga de problemas e soluções para uma sociedade que terceiriza responsabilidades.
Hilário Wasen
Professor de Geografia da Rede Pública e Orientador Educacional.