Não me refiro ao urubu-de-cabeça-preta (Coragyps atratus), ou urubu comum, uma ave pertencente à família Ciconiidae (que engloba condores e urubus) e à ordem Ciconiiformes. Esta ave tem tamanho médio, seu comprimento é de 56 a 68 cm, sua envergadura é de 1,5 m e seu peso pode chegar a 1,9 kg. Seu olfato é bem desenvolvido. Trata-se de um animal com caráter sociável com os da sua espécie, embora possam ocorrer brigas sangrentas.
Não estou tentando salvar da extinção a ave que se alimenta de carne em decomposição, mas também come sementes de palmeiras e cocos. Quando encontra ninhos descuidados, não hesita em comer os ovos ou os filhotes que ali possam estar. Quando há pouco alimento disponível, o urubu come frutas. Enquanto voa observa os outros urubus e os segue quando percebe que eles localizaram carniça. Os urubus são considerados uma das piores ameaças aos filhotes de tartarugas recém nascidos sobre a areia.
Não fiz estudos científicos inéditos que comprovam que o urubu é considerado o lixeiro da natureza, livra o meio ambiente da imundície. O urubu é considerado feio, fedorento, indesejado… mas esforça-se para localizar a carniça e livrar seres humanos e demais seres vivos da contaminação por doenças, bactérias, vírus.
Refiro-me às expressões usadas em alguns círculos: “não vou ser comida de urubu, não vou alimentar urubu, eu não crio urubu.” As expressões estão presentes no meio artístico, empresarial e na política quando alguém é solicitado ou procurado para colaborar com a divulgação de uma causa social, apoiar uma pessoa que se revela bom artista, profissional de futuro promissor, um cidadão sério e competente para ocupar um cargo político ou candidatar-se a uma vaga na administração pública. Os pouco competentes temem a concorrência, produtos melhores, matéria prima mais eficiente, música de melhor qualidade, melhores atores, pessoas sérias e eficientes em seu trabalho…
Pelo andar da carruagem, faltam urubus na sociedade brasileira para livrar a Pátria da abundante imundície espalhada por aí… Pode-se imaginar a qualidade daqueles que temem uma limpeza, o surgimento de pessoas e obras capazes de melhorar a vida social para todos.